quinta-feira, maio 03, 2007

O descobrimento

"Era uma terça-feira de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a vida ocorria normalmente nas beiradas do mar, onde os portuarios faziam a rede de suas vidas. O Sol nascera forte aquele dia, contrastando com normal da primavera lisboneta.
Dom Manuel saiu de sua casa, como todo dia. Caminhou com seus sapatos lustrosos e de couro de dragão sobre as pedras polidas e molhadas de sereno. Andou em linha reta, e encontrou Maria da Liteira arrumando as alças de seu vestido, às pressas, mas a tempo de dobrar seu joelho e revernciar a ilustre, e íntima, figura do bispo da cidade: Bons dias, Senhor! Dom Manuel apenas riu. Já lhe havia passado a mensagem. E entrou em seu Templo, rangendo as portas grandes, pesadas e pontiagudas de madeira libanesa.
Armídio de Eustáquio acordou de mesma forma como acordava todo dia. E vivia normalmente aquelas horas da manhã, como vivia todo dia.
Assim foi para todos os seres humanos, pobres coitados, que respiravam os ares estranhamente quentes daquela manhã em Lisboa.
Por volta do almoço, umas 10 horas daquela manhã, houve o primeiro rompimento com a rotina milenar daquela gente. Ao se sentar no porto, onde onda familia ousara vender comida aos poruarios, Natanael reclamou do calor. Foi a única reclamação que saiu daquela boca fina, daquela pessoa trabalhadora e cristã.
Aos poucos foram quebrando os pedaços desse quadro, que já não mais cabia nas molduras da rotina.
Uma explosão de autenticidade foi tomando conta das ruas, a começar pelas portuarias, e invadindo as colinas. Todos sairam as ruas.
Durande o inicio da tarde daquele dia infernal estranhamente uma nuvem de neblina foi chegando do mar, e às 3 ja encobria e refrescava a cidade portuguesa. E todos, literalmente todos, até as pedras das ruas, até os peixes de Santo Antonio, foram ao cais.
O silencio do Genesis foi feito novamente por vozes humanas, ao avistarem, dentro da neblina amazônica, saírem canoas, milhoes delas. E em cada uma delas, indios, nativos americanos, sem roupa, sem pudores, sem cordas, sem pólvora, sem moeda. Apenas eles mesmos, com as mazelas e defeitos de o serem.
Os olhos e os corações dos portugueses estavam congelados. Não acreditavam no que viam, e viviam.
Quando Çai-Yan Nhum'é colocou os pés no continente, e disse em "paz" em sua lingua, iniciou-se a derrubada de todo herdado do mundo ocidental até então, por toda a Europa. Começando por Portugal e Espanha, até chegar nas alturas dos Urais, e nas aguas do Morto. Grécia ruiu como areia. Egito e Mesopotamia escorreram das mentes como agua em cachoeira. E formou-se a civilizaçao dos Tolos ( como os indios mais indolentes batizaram aquele povo desconfiado, e sufocado em mantos).
Terça-Feira, 22 de abril de 1500 de Nosso Senhor Jesus Cristo, o dia em que os índios descobriram a Europa.

3 Comments:

At 20/5/07 16:45, Anonymous Anônimo said...

Nossa Armandinho, mto bom. Que visão diferente do descobrimento....surpreendente! Adorei.

 
At 22/5/07 19:34, Anonymous Anônimo said...

How could you dare? We discovered Europe, we, northen indians, and we wore fancy skins.

 
At 22/5/07 20:29, Anonymous Anônimo said...

é que vc não sabe do terror que foi quando os incas chegaram a Madri. Não havia ocidentalismo que resistiu ao Holocausto Cultural do meio do seculo XVI.
Quando os africanos invadiram Paris, foi mais ou menos o mesmo que, anos mais tarde, aconteceria com a invasão dos Nordestinos Sertanejos no Egito.
Morreu toda forma de pensar nascida na Grecia. Morreram todos os tons das 7 notas musicais. Foi o CAOS!!!!!!!!!!!!

 

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