quinta-feira, novembro 23, 2006

O Nada Fabuloso Destino de Frederico Douglas

Frederico era um velho que sempre foi ridicularizado por ter um nome.. ridicularizável.
Frederico Douglas do Monte Raso foi batizado num dia 27 de setembro de um ano não muito perto.
Cresceu com as pernas tortas e com os braços arcados, nao por defeitos, mas por comodidade.
Era o "caos" dos ataques de risos das belas moçoilas vestidas com panos de cortina e com cabelos moldados à anjos de igrejas.
Riam dele até as professoras do mais essenciais anos academicos, os primeiros.
Não constituiu familia, nem ao menos arriscou-se em dar umas safanadas nas putas que o atentavam zombateiras quando voltava do trabalho ainda jovem. Fazia o dignissimo trabalho de empacotar fumaça. Isso lhe rendeu olhos murchos e orelhas pretas de fuligem, pois os dedos preguiçosos nao alcançavam nos poucos banhos que tomava.
A mão direita era a sua fiel esposa. E como todo bom macho a traía frequentemente. Com a mão esquerda.
Sua casa era a extenção de suas inoperancias. Só quando queimou a última lâmpada do último abajur do último quarto foi que se deu conta que o chuveiro ja não estava mais la. Havia sido comido pela ferrugem, e como prêmio Nobel para a sua inteligencia, creditou a agua suja com que se banhava à ferrugem! Olhem! Quem diria, heim, Frederico Douglas, vc nos surpreendendo! Ah, seu espertinho!
Era Patético, sim, ele era patético. Se alguem há de ser patético nesse mundo de Deus, era Frederico Douglas.
Já na Muito tardia - para o resto do mundo - velhice de Frederico Douglas, ele ganhou outro grande prêmio Nobel, por mais uma contribuição para a humanidade. Descobriu que o botijão de gás era um recipiente. e não um bloco unico, como pedra. Minha nossa! Que fantástico!
Um dia o insuportavelmente chato, realmente desagradavel, Frederico Douglas lembrou-se que o seu último diálogo havia sido com o cobrador de um bonde, a caminho do seu dignissimo trabalho, há 12 anos.
Ficou ineditamente pensativo, e não queixou-se ao perceber que não podia mais falar. Desaprendera o porco portugues que um dia seus bons pais lhe ensinaram.
Morre, velho do diabo, que o mundo não precisa da sua incomodante presença, era o que pensavam os vizinhos desafortunados.
Até que um dia o nosso herói da mediocridade resolveu modificar toda a sua existência. E foi decidido, certeiro, a passos determinados. Parou em frente a pia. Lavou as mãos.

E cortou o cabelo.
E checou a sua idade - já esquecera.
Tinha incriveis 62 anos. Metade do que lhe atribuiam.
Num surto de ousadia, abriu a janela emperrada de sua casa e com toda força que havia naqueles pobres pulmões, esbravejou:
" - Foda-se!"
Até uma lágrima de alivio lhe percorreu os sulcos da face.
Como o seu mundo é patético, Frederico Douglas.
Você e ele são espelhos. Um do outro.

1 Comments:

At 27/11/06 22:25, Anonymous Anônimo said...

Plá Plá Plá (aplausos!)

 

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